Tecnologias sociais podem impulsionar a economia solidária

Se debateu a tecnologia social como um processo de desenvolvimento tecnológico e participativo que soluciona problemas concretos para gerar trabalho e renda.

A tecnologia pode trazer soluções a problemas concretos enfrentados pela população brasileira.

Mas como essas inovações promovem uma economia de impacto? Essa é a pergunta que norteia o debate “Tecnologias sociais e economia solidária”, realizado durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI).

A sessão foi conduzida pelo coordenador-geral de Tecnologia Social e Economia Solidária do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Dayvid Souza Santos, que contextualizou a importância do debate para a conferência.

“Temos a preocupação de trazer temas que dialogam com os povos indígenas, quilombolas, com a produção organizada pelos próprios trabalhadores, cooperativas e associações que produzem conhecimento e, muitas vezes, não conseguem expressar isso de forma científica ou no âmbito de uma política pública”, afirma.

O pesquisador Felipe Addor, da Coordenação da Associação Brasileira de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social (Abepets), apresentou o conceito de tecnologia social: “Trata-se de um processo de desenvolvimento tecnológico que atende a demandas populares.”

O objetivo é democratizar o desenvolvimento de inovações e tecnologias, tendo como público-alvo a sociedade, especialmente empreendimentos econômicos populares e marginalizados.

De acordo com Addor, a tecnologia social se baseia na perspectiva do processo tecnológico, e não da transferência de tecnologia.

O desenvolvimento é feito em conjunto com as comunidades, garantindo a participação ativa dos beneficiários. Nesse contexto, empreendimentos de economia solidária, organizações comunitárias e movimentos sociais representam os principais interlocutores.

“A gente desenvolve projetos que promovem espaços de intercâmbio de saberes, conhecimento científico e popular, realizando uma articulação institucional territorializada a partir de um diagnóstico participativo, para desenvolver inovações tecnológicas que atendam às demandas coletivas naquele espaço e território”, diz o pesquisador.

Diversas experiências que melhoram as condições de vida de comunidades foram citadas como exitosas na geração de trabalho, renda e infraestrutura.

O fomento público à tecnologia social e a construção de políticas de economia solidária foram amplamente discutidas na mesa.

Como recomendações de políticas públicas, foram sugeridas as seguintes medidas: instituir o Programa Nacional de Tecnologia Social e Economia Solidária e o Comitê de Tecnologia Social e Economia Solidária no âmbito do MCTI; incluir a sociedade civil no Conselho Nacional de C&T e no Conselho do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT); revisar marcos legais;  garantir o financiamento contínuo a projetos de desenvolvimento social; incentivar a criação de chamadas de projetos para o campo; e promover o tema tecnologia social com ministérios que são transversais à temática.