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IA além do hype: é preciso alinhar expectativas e garantir uma governança eficaz

A transformação digital está moldando o futuro das organizações e a Inteligência Artificial (IA) é um dos pilares dessa revolução.

Contudo, com os avanços, surgem também desafios críticos relacionados à governança, ética e integração estratégica das tecnologias.

A pesquisa “Governança e ética da Inteligência Artificial nas companhias abertas”, realizada pela Abrasca, revela um panorama claro: embora a IA seja amplamente reconhecida como uma ferramenta transformadora, muitas empresas brasileiras ainda a utilizam de forma pontual, sem incorporá-la como um elemento estratégico de longo prazo.

O surgimento de tecnologias como a IA generativa trouxe entusiasmo e expectativas elevadas, mas também revelou a necessidade de ajustes na forma como as organizações percebem e adotam essa inovação. Segundo o estudo, muitas empresas enfrentam desafios ao equilibrar otimismo e realismo.

Por um lado, há organizações que investem acreditando que a IA resolverá todos os problemas de maneira imediata, apenas para se depararem com frustrações quando não conseguem resultados tangíveis devido à falta de planejamento e integração. Por outro, existem aquelas que hesitam, receosas de possíveis impactos no mercado de trabalho ou na estrutura organizacional.

Evitar que a empolgação inicial se transforme em decepção exige paciência e um entendimento claro de que a IA é uma jornada estratégica. Empresas que alinham suas expectativas desde o início, integrando objetivos claros e processos bem definidos, estão obtendo ganhos notáveis em eficiência, inovação e geração de insights valiosos.

IA como um pilar estratégico
A pesquisa destacou lacunas importantes na governança da IA, como a ausência de programas formais para gerenciar riscos e a falta de envolvimento de áreas cruciais, como compliance e jurídico. Esses pontos refletem a necessidade de criar comitês dedicados à ética e à governança tecnológica, garantindo que a IA seja utilizada de forma responsável e estratégica.

Outro desafio apontado é a capacitação. A assimetria de conhecimento entre equipes técnicas e de gestão dificulta a integração da IA como uma ferramenta estratégica. Investir em treinamentos e preparar lideranças para tomar decisões alinhadas às metas organizacionais é essencial para desbloquear o potencial transformador da IA.

Além disso, o uso ético e responsável de dados permanece como um aspecto central. O cumprimento de regulamentações, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), não é apenas uma obrigação legal, mas também uma forma de proteger a reputação da organização e construir confiança com consumidores e parceiros.

Muitas organizações ainda veem a IA como uma solução operacional, e não como um pilar estratégico. Superar essa visão limitada exige um esforço coordenado para integrar a IA às metas de longo prazo e tratar a tecnologia como uma alavanca de transformação.

Estamos vendo o panorama corporativo sendo redesenhado pela IA oferecendo às empresas uma oportunidade única de transformar operações e alcançar novos níveis de eficiência e inovação. No entanto, seu verdadeiro potencial só é alcançado quando a tecnologia é integrada de forma estratégica e sustentada por uma governança robusta.

Adotar a IA vai além de simplesmente implementar ferramentas; trata-se de capacitar pessoas, criar processos éticos e construir uma cultura organizacional que valorize a inovação responsável.

*Fábio Caversan, vice-presidente de Inovação e Negócios Digitais do Grupo Stefanini na  América do Norte e APAC

Claudia Sargento

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