G20 quer esforço internacional para reduzir assimetrias em IA

O MCTI pautou a necessidade de os países em desenvolvimento não serem meros consumidores de tecnologia.

O tema da Inteligência Artificial ganhou centralidade também no G20.

A partir de discussões capitaneadas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), as maiores economias do mundo reconheceram as assimetrias nas capacidades dos países de desenvolverem seus sistemas de IA e a urgência de um esforço internacional para reduzir tais desigualdades.

A preocupação é minimizar riscos e potenciais impactos negativos e garantir que todos possam participar e se beneficiar dos avanços dessa nova tecnologia.

“Não temos dúvidas de que a IA pode trazer incríveis benefícios para a sociedade, um caminho para a inovação e o progresso. Mas, a distribuição global desigual de ativos e infraestrutura de Inteligência Artificial e a forma como essa nova tecnologia se desenvolve atualmente suscita preocupações de que ela aprofunde as assimetrias de poder entre as nações, as desigualdades sociais e impacte negativamente direitos e a democracia”, disse a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Luciana Santos, durante a reunião ministerial do Grupo de Trabalho de Economia Digital do G20, liderado pelo Ministério das Comunicações.

O encontro aconteceu em Maceió, e encerrou os trabalhos do GT sob a presidência brasileira no G20.

Ao final do evento, foi divulgada uma Declaração Ministerial, que reitera o papel da Inteligência Artificial como um catalisador para alcançar o crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável.

“Observando com preocupação o risco potencial apresentado pela IA em ampliar as divisões digitais dentro e entre os países, apelamos para a promoção da cooperação internacional inclusiva neste domínio, nomeadamente na capacitação, pesquisa conjunta e transferência voluntária de tecnologia e compartilhamento de conhecimento, a fim de expandir a participação de todos os países, na transformação digital para aproveitar os benefícios e participar efetivamente no desenvolvimento, implantação e uso de sistemas de inteligência artificial seguros, protegidos e confiáveis, de maneira responsável e ética”, diz o documento.

Os países também chegaram ao consenso de que os sistemas de IA nos países devem buscar refletir uma gama diversificada de contextos linguísticos, socioculturais, raciais e geográficos, com base em conjuntos de dados variados e representativos, para evitar reforçar ou perpetuar aplicações e resultados discriminatórios ou enviesados.

“É preciso pensar a IA como instrumento de inclusão e, não, de exclusão. Para que ela possa ter o impacto positivo que vislumbramos, o seu desenvolvimento deve ser orientado para este propósito desde a concepção, passando pela sua produção, programação, pelo uso de um conjunto de dados de treinamento que estejam estruturados para que a IA atinja seus objetivos com precisão, com diversidade linguística, cultural e geográfica, sem vieses ou violações de direitos humanos”, afirmou Luciana Santos.

Dentro do GT, o eixo “Inteligência Artificial para o Desenvolvimento Sustentável e Redução da Desigualdade” foi coordenado pelo MCTI.

E, para além das discussões, junto com a UNESCO e o Cetic.br, a pasta conduziu a elaboração de dois produtos relacionados ao tema.

Um dele é o Toolkit, uma Caixa de Ferramentas para Avaliação de Prontidão e Capacidade de Inteligência Artificial, que partiu da metodologia proposta pela UNESCO e contou com a colaboração de 23 países.