FWA no Brasil: Acesso Fixo sem Fio deve ampliar oportunidades em um país acostumado a absorver inovações
O FWA é uma das aplicações mais bem-sucedidas da tecnologia sem fio de banda larga por ser um acesso em rede fixa com uso de tecnologias 4G ou 5G.
Em um país com o tamanho e a variedade de contrastes que é o Brasil, a tecnologia FWA ou Acesso Fixo sem Fio (do inglês Fixed Wireless Access) pode ser uma das mais importantes soluções para ampliar o acesso da população à internet de quinta geração e, consequentemente, trazer uma revolução para empresas, indústrias e serviços.
O FWA é uma das aplicações mais bem-sucedidas da tecnologia sem fio de banda larga por ser um acesso em rede fixa com uso de tecnologias 4G (LTE fixo) ou 5G, com grande adesão de mercado nos Estados Unidos, México e em algumas áreas da Ásia, como o Japão.
A adoção do FWA de forma direta e exclusiva – ou em combinação com redes de cabeamento estruturado, Wi-Fi em suas mais diversas configurações e até com pontos de presença satelitais – abre uma enorme gama de possibilidades.
Com um único dispositivo compatível com 5G, o sinal é retransmitido para fazer uma conexão segura e rápida. Provedores locais de internet já fazem operações com o princípio semelhante ao fornecerem internet “via rádio”. Com o 5G, esse mecanismo ganha em capacidade, velocidade, dimensões, segurança e possibilidades de customização de soluções de conectividade específicas, além de uma efetiva melhoria de experiência para o cliente, uma vez que o FWA não só poderá prover mais acessos, mas também velocidades muito maiores do que eventuais sistemas legados disponíveis.
Essa ampliação do acesso à conectividade e à velocidade do 5G vai aumentar a eficiência de negócios locais, de indústrias regionais e do agronegócio com uso de dispositivos de monitoramento de safras e de condições climáticas, controle de estoques, gerenciamento da logística de produtos, entre outros. Outro impacto importante que o FWA deve oferecer é o acesso à economia digital para muitos brasileiros que ainda não foram incluídos nela, ampliando, por exemplo, o uso do PIX, promovendo maior inclusão de brasileiros à economia digital com relevantes impactos microeconômicos, reconhecidos amplamente por diversos organismos internacionais.
O Acesso Fixo sem Fio abre ainda outras oportunidades de sustentabilidade, eficiência e automação, ao permitir a introdução de conceitos “Smart” (energia, cidade, indústria, medicina, entretenimento, turismo) em regiões em que os modelos de negócio seriam antes de difícil atingimento, por força do custo e da inflexibilidade das redes. Assim, a integração de sistemas de realidade aumentada (AR), virtual (VR) ou mista (MR) passam a ser viáveis, assim como o uso ampliado de máquinas autônomas, drones e robôs.
Com uma gama tão ampla de aplicações, o FWA é visto como uma das formas mais concretas de as operadoras e integradores de telecomunicações viabilizarem a monetização do 5G, ainda que esta solução não tenha alcançado em nosso país, a maturidade que já ocorre nos EUA com operadoras como T-Mobile e Verizon. Por aqui, modelos regulatórios e arquiteturas de compartilhamento poderão ser adequados para que provedores de grande e pequeno portes possam efetivamente oferecer serviços competitivos de acesso móvel fixo, fazendo valer soluções inovadoras, como as de interface aberta de rádio (OpenRAN).
Portanto, são diversos cenários que se apresentam, com a possibilidade de se adequar produtos, soluções e arquiteturas às demandas específicas de mercado, o que se verifica em diversos casos de sucesso fora do país. Fazendo um paralelo com a diversidade de demandas que acompanhei este ano na Agrishow, acredito que, à medida que o 5G ganhe tração e penetração, desenvolveremos casos de uso “tropicalizados” para a nossa realidade, pois tanto a tecnologia como a arquitetura 5G possibilitam esta flexibilidade em termos de oferta de banda larga e inteligência incorporada.
Além de todos estes fatores, o FWA, o OpenRAN, soluções de borda de rede e de IoT poderão impulsionar a nossa indústria local, bem como de centros de desenvolvimento específicos, adequando a tecnologia (sem “reinventar a roda”) às demandas de mercado, o que é totalmente possível graças à robustez do setor de telecomunicações brasileiro, que segue inovando e apresentando soluções para esse país continental, que está apenas começando seu processo de implantação do 5G e tem muito potencial à frente.
(*) Hermano Pinto, Diretor do Portfólio de Tecnologia e Infraestrutura da Informa Markets