O Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou, em reunião online, a abertura de Consulta Pública de Minuta de Resolução que institui o Comitê Permanente de Redes Comunitárias.
As Redes Comunitárias – administradas por organizações comunitárias, ONGs ou cooperativas – desempenham um papel crucial na oferta de conectividade às populações de comunidades tradicionais, como indígenas, ou isoladas, em que o acesso à banda larga é limitado ou inexistente.
A baixa atratividade econômica dessas localidades frequentemente afasta operadoras tradicionais ou resulta em serviços a preços inacessíveis, explicou o relator da matéria, o conselheiro da Anatel, Vicente Aquino.
Acompanhando o voto do relator, a Anatel também decidiu, além da aprovação da consulta, antecipar a fruição, pelas Redes Comunitárias, dos benefícios do novo ato de autorização de uso de radiofrequências por polígonos.
Foi ainda decidido avaliar ajustes nos regulamentos de uso de espectro a fim de dar tratamento a eventuais incompatibilidades entre as aplicações que as Redes Comunitárias desejam implementar no Brasil e a atribuição e destinação das faixas de frequências de interesse e considerar, no âmbito da revisão do Regulamento de Aplicação de Sanções Administrativas- RASA, eventuais aspectos que possam ser favoráveis ao desenvolvimento das redes comunitárias, a exemplo de medidas que visam o fomento da substituição de penas pecuniárias por sanções de obrigações de fazer.
Vai ser encaminhado ao Conselho Gestor do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações – FUST, proposta de inclusão do tema “Redes Comunitárias” em seus cadernos técnicos e dar-se-á prioridade a iniciativas de fiscalização responsiva e de sanções que favoreçam a regularização e o fortalecimento das redes comunitárias.
Finalmente, pretende-se privilegiar, na aplicação de sanções, a possibilidade de impor obrigações de fazer priorizando ações específicas voltadas às populações atendidas por Redes Comunitárias.
Na análise de Aquino, essas medidas reforçam o compromisso da Anatel com a conectividade universal e a inclusão digital, garantindo que populações em situação de vulnerabilidade possam acessar serviços essenciais de educação e saúde, além de outras oportunidades pela internet.
As decisões são resultado de um projeto iniciado em 2023, quando o órgão regulador de telecomunicações constituiu o Grupo de Trabalho de Redes Comunitárias, presidido por Aquino.
O GT promoveu o diálogo entre representantes de redes comunitárias, agentes regulatórios, o Ministério das Comunicações e prestadoras de serviços de telecomunicações.
O relatório das atividades do GT está disponível no portal da Anatel e entre os principais desafios apontados estão falta de recursos financeiros; barreiras regulatórias para a constituição das redes; dificuldades no mapeamento das comunidades beneficiadas; obstáculos relacionados ao isolamento geográfico e à topografia das regiões atendidas; e diversidade das necessidades específicas de cada comunidade.
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